“Quem é a pessoa que você ama tanto e tem tanta amargura?” me perguntou.
E eu lhe respondi que “Eu amo a mim mesmo. E só. Ninguém mais consegue me amar e apesar de eu achar que vou me meter numa enrascada emocional nos próximos dias, me sinto relutante em amar quem quer que seja.
E a amargura é pela vida. Pelos sonhos que deixei para trás, por tanta coisa que não consegui realizar. Pelo que tive de abrir mão, desde amor até futuro. A amargura é pela solidão auto-imposta. Por dores que as pessoas não costumam ver, hora porque não deixo e hora porque não querem.
A amargura é por eu saber, e sentir, o gosto eterno da luta que luto para chegar onde quero. Não nasci em berço de ouro e nunca tive açúcar na boca, então amargo é o gosto que tenho e azedo é a ‘textura’ de minha vida.
No mais, por incrível que pareça, eu gosto assim. Gosto do amargo, porque se tudo fosse doce, eu seria como tantos outros prostrados achando que tudo está bem, e sendo amargo eu tenho motivo, e motivação, para buscar o doce pra mim, para procurar a minha calmaria.
No fundo, e discretamente falando, você agora enxerga esse meu outro tom, mesmo que não seja cinza e me faltem outros quarenta e nove, porque o distanciamento lhe fez perceber que talvez, e apenas talvez, tantos sorrisos meus eram apenas máscara para que as pessoas pudessem acreditar que estava tudo bem e pudessem seguir com a vida delas. Acho que amargura sempre fez parte de mim, porque sou ser vivente, mas isso há de mudar com o tempo, há de mudar com os novos caminhos que trilham.
E apenas para observar, esses momentos introspectivos só surgem em mim quando estou só, quando estou calado, ou quando não preciso dizer que estou bem, sem estar.”
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